O Lugar da Intercessão

A oração intercessória é uma parte importante — se não for a mais importante de todas — de cumprir com a responsabilidade da autoridade. Jesus demonstra a operação da intercessão em João 17, em que pede que o Pai proteja seus discípulos e aqueles que vierem a crer nele por meio da sua palavra.

"Eu rogo por eles: não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós... Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste." [João 17:9-11; 15-17; 20-21].

Na intercessão, vamos diante do Senhor e fazemos petições por outras pessoas. Apresentamos os argumentos que forem apropriados para obter a intervenção de Deus para realizar aquilo que não podemos fazer. É importante que aqueles que estiverem em posição de autoridade na igreja cristã intercedam por aqueles por quem têm responsabilidade.

Nas petições e orações, estamos preocupados com nossas necessidades; na intercessão, estamos preocupados com as necessidades e interesses de outrem. A intercessão é o aspecto altruísta e generoso da oração. Na intercessão, o crente está atuando como um intermediário entre Deus e o homem. Ele se esquece de si mesmo e de suas próprias necessidades em sua identificação com as necessidades daqueles por quem está orando. A oração de Abraão pela população de Sodoma [Gênesis 18:22-23 e a de Moisés por Israel [Êxodo 32:1-14] são exemplos clássicos de intercessão. Orar no nome de Jesus não é meramente fazer uma oração ritual. Usar esse nome sem conhecer pessoalmente aquele a quem pertence não tem valor algum. Jesus associou claramente a importância de um relacionamento pessoal com ele ao uso de seu nome. É o próprio Jesus quem preciso conhecer e amar como meu amigo; e quando ele é meu amigo, então me empresta seu nome para que eu leve minhas petições ao Pai. Jesus ensina isso no capítulo 15 de João:

"Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda." [João 15:14-16].

Os verdadeiros intercessores nunca reivindicam nada com base em seus próprios méritos. Eles sabem que não é seu caráter, seu compromisso, e sua bondade que traz resultados. Sabem que podem aproximar-se do trono celestial somente por meio dos méritos do seu Salvador.

Muitas vezes o intercessor se colocará entre as forças que estão atacando e a pessoa atacada. Isso somente deve ser feito se o Espírito Santo dirigir ou quando tal ação estiver de acordo com a Palavra. No caso do chefe do lar, é parte da sua responsabilidade de autoridade fazer exatamente isso. Entretanto, o chefe não assume essa posição em sua própria força, mas vai no nome de Jesus e com a autoridade desse nome. Agindo assim, ele está de acordo com os propósitos da Palavra, e pode esperar plenamente que o Senhor honre sua posição e lhe dê apoio nela.

Existem condições que precisam estar presentes para Deus responder à oração. As Escrituras apresentam muitas das condições que são necessárias para obter aquilo que pedimos a Deus. Há um ensino atual que tudo o que precisamos é fazer algo em nome de Jesus com fé suficiente, e Deus fará aquilo acontecer. Entretanto, as Escrituras colocam mais condições na oração respondida do que apenas fé. A fé é essencial para ter a oração respondida. Orar sem crer não trará a intervenção de Deus. Quando oramos, com fé, e de acordo com os propósitos de Deus, ele responderá:

"Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." [João 15:7].

Nesse verso, Jesus vincula especificamente o compromisso de Deus de responder com nossa posição com ele e com nossa conformidade com a Palavra. Em muitas passagens nas Escrituras, Jesus diz aos discípulos que eles receberão aquilo que pedirem em seu nome. O contexto total das Escrituras coloca condições no intento da afirmação de Jesus, embora não seja sempre tão diretamente evidente como é em João 15:7. A fé é necessária, mas não devemos expandir as promessas de Deus lendo em suas palavras compromissos que ele não tinha em mente. Ore com fé, mas também de acordo com os propósitos de Deus, conforme ele mostra em sua Palavra.

Orar em concordância com outros também terá um grande efeito quando estivermos no trabalho do Senhor. Em muitas passagens nas Escrituras, Deus indica que a cooperação de seu povo em sua obra traz mais prontamente sua intervenção. Deus ouve nossas preocupações. Quanto maior for nossa preocupação genuína por aqueles por quem estamos intercedendo, mais eficaz será nosso apelo ao Senhor. Quando estivermos aflitos e preocupados com outra pessoa, nossas petições ao Senhor serão com sinceridade e urgência. O Senhor responderá aos anseios dos nossos corações.

Quando intercedemos, precisamos utilizar um argumento da Palavra. Deus honrará suas promessas se nós o lembrarmos delas. Não que Deus esqueça de suas promessas, mas ele atua com base nelas quando as expressamos em nossas petições. O princípio de acesso à aliança é que o auxílio será dado quando for solicitado. Muitos não recebem porque não compreendem. Davi compreendeu o princípio da aliança e reivindicou vitória na situação em que todos os outros só viam derrotas. A expectativa da resposta de Deus sempre repousará com a aplicação das verdades de Deus tiradas da Palavra para atender às necessidades expressas diante do Senhor.

A posição pela qual o membro da família é apresentado diante do Senhor não é com base em seus méritos, mas nos méritos de Jesus Cristo. Jesus os fez dignos de receberem de Deus de acordo com as promessas da aliança. Nossas petições são feitas com base nesses argumentos e similares, de acordo com a promessa da Palavra. Deus também honra a posição de vida e de bênção para a família quando o pai e o marido (o chefe da família) as reivindica:

"Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência." [Deuteronômio 30:19].

Homens de todas as épocas oraram (muito corretamente) com o senso que existiam dificuldades nas regiões celestiais a vencer. Como vemos em Daniel 10, superar essas dificuldades pode requerer tempo e persistência consideráveis. A persistência é uma parte importante da oração respondida. Existem muitos relatos de pais que intercederam durante vários anos até virem seus filhos serem libertos da servidão a Satanás. Muitos relatos nas Escrituras mostram a importância da oração persistente e importuna. O próprio Cristo orava freqüentemente e encorajou a persistência na oração para recebermos as bênçãos de Deus.

O louvor deve ser parte de toda oração. As Escrituras estão repletas com os louvores ao Senhor e com relatos de homens piedosos que lhe davam louvores. O louvor atribui ao Senhor a posição que ele deve ter em nossas vidas. Louvar ao Senhor é uma forma de nos colocarmos em um relacionamento apropriado com ele. Quando chegamos diante do Senhor em oração, precisamos estar em uma posição de humildade. As Escrituras dizem que só podemos ir a ele como criancinhas. Quando louvamos, atribuímos a Deus a posição de majestade e de exaltação que lhe são devidas. Por meio do louvor, chegamos a uma compreensão de quão fracos e miseráveis nós, pobres mortais somos, e quão dependentes somos da intervenção de Deus em todas as coisas de natureza espiritual. O louvor é um serviço apropriado ao Senhor.

Freqüentemente, parece que o número das orações não respondidas é maior que o das respondidas. Na maior parte das vezes isso é verdade. Entretanto, a falha não é de Deus, mas nossa. Algumas vezes, precisamos entender que Deus respondeu nossa oração, mas a resposta é: "Espere" ou até mesmo "Não". Em alguns casos, para quem está sofrendo com a perda de um parente, ou com um filho rebelde, Deus parece ser excessivamente lento. Entretanto, como um pai que diz a um filho para esperar até o final do jantar para receber um doce, Deus sempre sabe melhor e seu tempo é impecável! Como diz o velho ditado, "Deus pode ser lento, mas nunca se atrasa!".

Mas, além das vezes em que Deus diz não ou aguarde, por que a oração falha freqüentemente — mesmo quando aquilo pelo que estamos intercedendo é obviamente a vontade de Deus (por exemplo, a salvação de alguém)? Embora em muitos casos não saibamos a resposta, existem diversas razões para que uma oração não seja respondida. A separação de Deus é uma causa comum para as orações não serem respondidas.

"Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça." [Isaías 59:1-2]. A falta de perdão também é uma causa para que uma oração não seja respondida.

"Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós." [Mateus 6:14-15].

A fé é necessária para a oração ser respondida. A falta de fé fará com que o Senhor não responda às nossas petições.

"E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E estava admirado da incredulidade deles. E percorreu as aldeias vizinhas, ensinando." [Marcos 6:5-6].

Uma posição errada com Deus também fará com que ele não responda:

"Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; que está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." [João 15:4-5].

Aquilo que pedimos a Deus precisa estar de acordo com seus propósitos. Um motivo errado fará com que não recebamos nossa petição.

"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus." [Tiago 4:3-4].

A vitória que Jesus teve sobre Satanás, ele venceu não para si mesmo, mas para nós. Precisamos reivindicar continuamente essa vitória. O uso fiel dessa vitória, obtida para nós, derrota os ataques de Satanás contra a família.

Os propósitos para a vinda de Cristo foram libertar os cativos e destruir as obras do Maligno. Quando intercedemos pelos outros para que obtenham esses efeitos em suas vidas, estamos de acordo com o propósito do Senhor. Podemos acreditar que em toda situação, onde as circunstâncias permitirem, o Senhor intervirá para prover aquilo que foi solicitado. Para aqueles que, por escolha ou por engano, escolheram seguir as obras da carne, seguindo a Satanás, Deus pode ter de persuadi-los por meio das circunstâncias para obter resultados. Nesses casos, são necessários tempo e persistência até que os resultados possam ser vistos. Em alguns casos em que uma pessoa se entrega ao pecado ou a Satanás, até mesmo a intervenção de Deus não será suficiente para fazê-la mudar de idéia.

Deus o encontrará onde você estiver. Muitas vezes vemos novos cristãos recebendo respostas às suas orações embora muitas das condições para as orações serem respondidas não existam em suas vidas. Parece que Deus faz exceções para aquele que não tiveram tempo de aprender seus critérios. Entretanto, essa consideração não dura indefinidamente. É importante estudar a Palavra e continuar a crescer espiritualmente. Não demore para começar a se apropriar das promessas do Senhor e receber os benefícios dele.